Design de interiores entre gênero, corporeidade e resistência: a margem como espaço epistêmico

Juliana Correia Savelli Graça

Resumo


O design de interiores ocupa um espaço marginal dentro dos campos do design e da arquitetura, sendo frequentemente associado ao doméstico, ao decorativo e ao subjetivo, categorias historicamente vinculadas ao universo feminino e desvalorizadas nos discursos acadêmicos e científicos hegemônicos. O presente artigo propõe uma crítica epistemológica a essa marginalização, a partir da leitura do ensaio Choosing the margin as a space of radical openness, de Bell Hooks (1989). Com base em perspectivas teóricas feministas e pós-estruturalistas, argumenta-se, neste artigo, que as características atribuídas ao gênero feminino, tais como a relacionalidade e a atenção às experiências sensíveis e subjetivas, podem ser apropriadas como fundamentos de uma epistemologia alternativa e crítica para o campo. Em vez de buscar legitimidade por aproximação com saberes dominantes, propõe-se que o design de interiores afirme sua distinção como potência, operando a partir da interioridade, da experiência e da corporeidade, modos legítimos de conhecimento e prática.

Palavras-chave


design de interiores, gênero, interioridade, epistemologia, marginalidade

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DOI: https://doi.org/10.35522/eed.v33i3.2224

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Revista Estudos em Design, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, ISSN Impresso: 0104-4249, ISSN Eletrônico: 1983-196X

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