Heidegger e a fundamentação ontológica do design: um paradigma que precede à ciência

Sérgio Luciano da Silva, Dijon De Moraes

Resumo


O presente artigo é parte de uma investigação mais ampla acerca da natureza do design. Por essa razão, partimos de conclusões anteriores (SILVA; MORAES, 2019), onde sustentamos que o design, enquanto um campo com indeterminações, se mantém, na atualidade, a certa distância do conceito de ciência. No entanto, não entendemos esses componentes indeterminísticos nem esse distanciamento como problemas, pois eles ampliam as possibilidades de conexão deste campo com outras áreas do saber, algumas também com características não científicas, como a arte e a filosofia. O objetivo na etapa atual da pesquisa é encontrar elementos de natureza distinta da epistemológica, que possibilitem compreender os fundamentos do design em sua singularidade. Deste modo, no artigo atual, ao nos afastarmos temporária e intencionalmente da via da ciência, nossa escolha recai sobre a ontologia, por sua anterioridade de fundamentos em relação à diretiva epistemológica. Como interlocutor principal elegemos Martin Heidegger em seu ensaio A origem da obra de arte, apoiados na interpretação de Philippe Lacoue-Labarthe, e deslocamos os desdobramentos de suas reflexões ontológicas da arte para o design, com o subsídio das reflexões de Tomás Maldonado e Vilém Flusser.


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DOI: https://doi.org/10.35522/eed.v28i2.981

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Revista Estudos em Design, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, ISSN Impresso: 0104-4249, ISSN Eletrônico: 1983-196X

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